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A PAZ DO AMOR
*BAHIGE FADEL

Se queres sentir a verdadeira paz,
A paz completa dos santos nos altares,
A paz branca dos anjos nas nuvens,
A paz alegre das crianças no quintal,
A paz silenciosa dos velhos nos bancos do jardim,
Não procures o amor.
O amor não tem o milagre dos santos,
Ou a pureza dos anjos,
Ou a ingenuidade das crianças,
Ou o silêncio dos velhos.

O amor, mais que milagre,
É o contato das mãos e dos corpos.
O amor, mais que pureza,
É respirar descompassado.
É coração em êxtase.
O amor, mais que ingenuidade,
É convulsão e ardor.
O amor, mais que silêncio,
É um grito que ecoa por todos os órgãos
E que permanece como eco.

Se queres sentir a verdadeira paz,
A paz dos monges em oração,
A paz dos crentes em comunhão,
A paz dos pensadores em reflexão,
Não esperes pelo amor.
O amor, mais que oração, é descoberta.
O amor, mais que comunhão, é completar-se.
O amor, mais que reflexão, é febre,
Doença bem vinda,
Sede não saciada,
Fome permanente,
É fim iminente,
Início que não cessa de iniciar.

Se queres sentir a verdadeira paz,
A paz de todas as dúvidas findas;
De todos os conflitos resolvidos.
A paz de toda chegada,
E de toda partida desejada,
Ama com todas as tuas forças.
Libertando-te de todas as procuras e esperas.
Grita o amor que sentes,
Sem esperares pelo eco,
Pois tu serás teu próprio eco.
Procura o silêncio,
Não para ocultares o que sentes
Mas para teres plenitude de teu sentimento.

Se queres sentir a verdadeira paz,
Deixa que o amor te envolva completamente,
Para que não sintas frio ou medo;
Para que, sendo mais do que tu és,
Não te sintas
E, mesmo assim, saibas que és todo sentimento.
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*Bahige Fadel
Professor de Português e Literatura
Membro da Academia Botucatuense de Letras
Ex-Vereador da Cidade de Botucatu